Tenho muitas roupas e acabo fazendo sempre as mesmas combinações, então me indicaram o Pinterest, aplicativo interessante, pra que eu buscasse ideias de “looks” e assim aproveitasse melhor o que eu já tenho ao invés de ficar na ânsia de comprar peças novas (sou shopaholic, mas desde que efetivamente virei adulta, com contas pra pagar e filhos pra sustentar, venho cuidando disso com todo o afinco do mundo). Hoje resolvi finalmente me aventurar porque ganhei um par de tênis lindos de aniversário e não sabia bem como combiná-los pra não ficar esquisito/pra que eu me sentisse bem (não faz sentido a gente vestir uma coisa e se achar esquisita, né? por mais legal que essa coisa seja!). Catei uma sugestão no aplicativo com peças que eu já tenho, essa aqui:
Simples, confortável e, na minha opinião, bem bonitinho. Quando separei as peças pra vestir, gostei muito. Pus tudo em cima da cama, arrumei direitinho e achei fofo, senti que não ia ter erro porque é o tipo de combinação despretensiosa onde as chances de errar são mínimas. No entanto, quando vesti, tive vontade de arrancar tudo do corpo. Fiquei pensando por alguns minutos qual seria o “xabu” da coisa. Tenho as peças, uso as peças, gosto de todas as peças (camiseta básica, jeans destroyed em modelagem skinny, tênis) e mesmo assim, quando tentei fazer fotos, detestei o “conjunto da obra”… Então atinei: deve ser o meu referencial (no caso, a foto da modelo magra usando as peças).
Esses dias ando “abalada” com a minha auto estima. Talvez seja o período sensível do mês, talvez tenha sido provocado pelas muitas discussões suscitadas no fim de semana com aquela matéria – maravilhosa – da blogueira Ju Romano na revista Elle (já fizeram muitos posts interessantes sobre isso, então resolvi não fazer porque não tenho mesmo nada a acrescentar). Quando olho essa imagem, a da modelo magra, vejo tudo muito proporcional e simétrico. Quando me vejo usando as mesmas roupas, as proporções mudam. Bom, claro que mudam, eu devo ter o dobro ou o triplo do tamanho da modelo.
Acho que fiquei presa na imagem, no quão harmônica ela parece ser porque, desde que o meu mundo é mundo, as imagens de modelos magras são disparadas como referência e isso, gente, fica no nosso banco de dados, querendo ou não. Não consegui visualizar o que rolaria quando as mesmas peças viessem pro meu corpo e, por isso, o tanto de estranhamento quando vesti (coxas grossas demais! mas será que existe isso de “coxa grossa demais” mesmo? coxas são coxas, elas sustentam as nossas pernas, ainda bem que eu as tenho! mas quem não tem, também, não tem porquê se abalar, pra tudo existe um jeito, inclusive pra gente se amar como é!). A auto estima precisa ser exercitada e a minha tá meio carente esses dias. Mas é exatamente por isso que decidi não recuar. Não vou trocar a roupa, afinal, posso não ter 55kg distribuídos no meu 1,75m, mas isso não pode me impedir de usar o que eu quero usar!
Hoje quero me encorajar e encorajar todos vocês a se desafiarem em relação ao que vocês vestem. Não tenham medo do estranhamento, pode ser por conta do referencial. Mas encarem isso, eu estou encarando! O referencial é apenas uma “imagem meramente ilustrativa” e a gente não precisa – digo mais, não deve – se prender a ele. Se você tem as peças, elas vestem você confortavelmente e você gosta da ideia de usá-las, por que não? Use-as! Tente, ouse, liberte-se. Esse é meu desafio de hoje, mesmo estando um pouco “baleada” na auto estima, na auto imagem.